segunda-feira, 10 de maio de 2010

Lendas do Dodge Charger R/T

Imagine a cena: as curvas sinuosas do bairro do Pacaembu, em São Paulo, na década de 1970. Em meio a escuridão das ruas, iluminadas pela pouca luz clara das residências, ouvem-se derrapadas e freadas, seguidas de acelerações vigorosas....
Nesta cena, um clássico das ruas era um dos preferidos pela moçada: o Dodge Charger R/T , uma versão esportiva e musculosa da linha Chrysler, que era desejada pelo seu motor V8 318, o mais potente disponível no Brasil. Estes carros aceleraram nas pistas, nas ruas, e até no cinema, quando Roberto Carlos gravou um filme em que acelerava o carrão pelo Autódromo de Interlagos.
Seu grande concorrente era o Maverick GT que trazia o V8 302, de 199 cv, um pouco menos que o Dodge, equipado com o V8 de 215 cv e elevado torque: 42,9 m.kgf. Por ser um carro maior e mais "solto", exigia ainda mais do piloto nas curvas acentuadas. O câmbio no assoalho permitia uma tocada mais esportiva, sem contar o visual recheado de frisos, combinações de alumínio com madeira no acabamento e rodas cromadas.
O Road and Track era visto sempre nas principais ruas e avenidas da cidade. Claro, guiado por um feliz proprietário afoito por sua aceleração vigorosa, fosse na Rua Augusta, no Pacaembu ou pelas recém inauguradas pistas expressas como as Marginais e a Av. 23 de Maio. Com tanto vigor e potência, os Dodges nunca eram alcançados pela polícia que usava o Fusca como viatura. Em tempos onde não havia radar e a fiscalização era precária, as madrugadas motivavam os rachas com carrões envenenados.
Nestes circuitos improvisados, disputavam os nacionais Maverick e todos os Dodges, não só o Charger, alguns Opalas, e modelos importados que na época eram encontrados com grande facilidade e a preços convidativos como Pontiac GTO, Mercury Cougar, Chevrolet Camaro entre outros.
O Dodge Charger R/T nacional era mais simples que o modelo americano, que chegou em 1966 para concorrer com esportivos de alta categoria. Seus diferenciais eram, além das modificações no motor, o pacote completo de acessórios como o console central, bancos individuais, câmbio no assoalho, sem contar as faixas pretas, o farol escondido sob a grade, as "rabetas" alongadas, o teto de vinil e as rodas diferenciadas.
Sempre presente no Auto Show Collection, o Dodge Charger R/T exibe cores típicas de um esportivo dos anos 1970: amarelo, vermelho, verde, azul... pois sobriedade e discrição definitivamente nunca foram o seu forte.
Os Dodges escreveram às pressas sua trajetória no mercado brasileiro. Por conta da crise do petróleo e a aquisição pela Volkswagen, a linha Chrysler deixou o mercado brasileiro em 1980, e com ela, o sonho de todos os brasileiros em possuir um verdadeiro muscle car na garagem.
 

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