Em dezembro de 1968 a Volkswagen do Brasil apresentava  um modelo curioso e bastante inovador. Era um sedan quatro portas, de  espaço  interno interessante, boa visibilidade e mecânica consagrada: motor  boxer  1600 a  ar, de 60 cv com turbina alta e tração traseira. Este carro tinha uma  proposta  totalmente nova e uma missão difícil: fazer tanto sucesso quanto o Fusca  e ser  uma resposta ao projeto Corcel, da Ford, lançado no mesmo  ano. 
 
  Com a missão de se diferenciar, seu preço ficou  ligeiramente acima do popular VW sedan, o Fusca. Depois de anos  produzindo  apenas Fusca, Kombi e Karmann Ghia, o "Zé" era o estranho no ninho, e  abriu  caminho para outros modelos como o TL, a Variant e o  Brasília. 
 
  Conseguimos flagrar um VW 1600 vermelho cereja em  perfeito estado de conservação no Auto Show Collection, e cuja história e   mistérios resumimos nesta matéria aos nossos leitores. Repare que mesmo  com o  passar do tempo, analise que o VW 1600 merecia uma vida bem mais longa  do que  realmente teve, entre 1969 e 1970. Afinal era mais espaçoso que o Fusca,  mais  moderno que o Fusca, com quatro portas e a mesma mecânica, do Fusca! A  receita  parecia perfeita, mas alguns fatores levaram o modelo ao seu fracasso  prematuro.  
 
  Logo após o seu lançamento, o VW 1600 quatro portas  ganhou o apelido de "Zé do Caixão", devido às formas retas de um caixão,  e por  conseguinte, a associação direta com o personagem de José Mojica Marins.  Com  isso, o carro passou a ser conhecido mais pelo apelido pejorativo do que  pelo  nome. 
 
  Outro ponto interessante a considerar é que o modelo  sedan foi rapidamente adotado pelos taxistas, pela praticidade das  quatro  portas. Além disso, o consumidor brasileiro da época não gostava de  veículos  nesta configuração e preferia modelos de duas portas. Dessa forma a  intenção da  Volkswagen de diferenciar seu modelo do primo pobre, o Fusca, ia por  água  abaixo. E o Zé do Caixão ganhou a praça, conquistou a confiança dos  taxistas,  mas perdeu apelo de carro para a classe média. 
 
  Por fim, em dezembro de 1970 um grande incêndio iniciado  no setor de tapeçaria atingiu a fábrica da Volkswagen em São Bernardo do  Campo,  o que atingiu parte do maquinário e das instalações e parte da produção  foi  interrompida. Segundo uma matéria publicada na Folha de S.Paulo na  época, 30  funcionários morreram soterrados ou carbonizados, Cr$ 200 milhões foram  contabilizados em prejuízos e a ala 13 de quase 100 mil m2  ficou  totalmente destruída. O carro mais afetado por este acidente? O VW 1600,  cuja  produção jamais foi retomada, apesar do seu sucesso no mercado, já que  em dois  anos, 24475 unidades foram fabricadas.  
 Inovações de  verdade 
 
  O VW 1600 tinha muito mais do que uma "nova embalagem",  como se dizia na propaganda. A engenharia foi bastante criativa ao  aproveitar ao  máximo o espaço do carro três volumes: tinha porta malas na frente e bom  espaço  interno atrás.  
 
  A visibilidade era excelente devido aos amplos vidros,  algo que nenhum Volkswagen teve durante muitos anos, e serviu de base  para  aprimorar o projeto do Brasília.  
 
  O VW 1600 tinha motor mais potente, com 60 cv, e freios  a disco nas rodas dianteiras, o que ajudava a tornar o carro mais  seguro, embora  fosse instável nas curvas, como todo Volkswagen da época. 
 
   
 



 
   
   
   
   
   
   
   
   
  



 
   
   
   
   
   
   
   
   
  








