sexta-feira, 9 de abril de 2010

Zé do Caixão foi sedan de vida curta

Em dezembro de 1968 a Volkswagen do Brasil apresentava um modelo curioso e bastante inovador. Era um sedan quatro portas, de espaço interno interessante, boa visibilidade e mecânica consagrada: motor boxer 1600 a ar, de 60 cv com turbina alta e tração traseira. Este carro tinha uma proposta totalmente nova e uma missão difícil: fazer tanto sucesso quanto o Fusca e ser uma resposta ao projeto Corcel, da Ford, lançado no mesmo ano.
Com a missão de se diferenciar, seu preço ficou ligeiramente acima do popular VW sedan, o Fusca. Depois de anos produzindo apenas Fusca, Kombi e Karmann Ghia, o "Zé" era o estranho no ninho, e abriu caminho para outros modelos como o TL, a Variant e o Brasília.
Conseguimos flagrar um VW 1600 vermelho cereja em perfeito estado de conservação no Auto Show Collection, e cuja história e mistérios resumimos nesta matéria aos nossos leitores. Repare que mesmo com o passar do tempo, analise que o VW 1600 merecia uma vida bem mais longa do que realmente teve, entre 1969 e 1970. Afinal era mais espaçoso que o Fusca, mais moderno que o Fusca, com quatro portas e a mesma mecânica, do Fusca! A receita parecia perfeita, mas alguns fatores levaram o modelo ao seu fracasso prematuro.
Logo após o seu lançamento, o VW 1600 quatro portas ganhou o apelido de "Zé do Caixão", devido às formas retas de um caixão, e por conseguinte, a associação direta com o personagem de José Mojica Marins. Com isso, o carro passou a ser conhecido mais pelo apelido pejorativo do que pelo nome.
Outro ponto interessante a considerar é que o modelo sedan foi rapidamente adotado pelos taxistas, pela praticidade das quatro portas. Além disso, o consumidor brasileiro da época não gostava de veículos nesta configuração e preferia modelos de duas portas. Dessa forma a intenção da Volkswagen de diferenciar seu modelo do primo pobre, o Fusca, ia por água abaixo. E o Zé do Caixão ganhou a praça, conquistou a confiança dos taxistas, mas perdeu apelo de carro para a classe média.
Por fim, em dezembro de 1970 um grande incêndio iniciado no setor de tapeçaria atingiu a fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, o que atingiu parte do maquinário e das instalações e parte da produção foi interrompida. Segundo uma matéria publicada na Folha de S.Paulo na época, 30 funcionários morreram soterrados ou carbonizados, Cr$ 200 milhões foram contabilizados em prejuízos e a ala 13 de quase 100 mil m2 ficou totalmente destruída. O carro mais afetado por este acidente? O VW 1600, cuja produção jamais foi retomada, apesar do seu sucesso no mercado, já que em dois anos, 24475 unidades foram fabricadas.

Inovações de verdade
O VW 1600 tinha muito mais do que uma "nova embalagem", como se dizia na propaganda. A engenharia foi bastante criativa ao aproveitar ao máximo o espaço do carro três volumes: tinha porta malas na frente e bom espaço interno atrás.
A visibilidade era excelente devido aos amplos vidros, algo que nenhum Volkswagen teve durante muitos anos, e serviu de base para aprimorar o projeto do Brasília.
O VW 1600 tinha motor mais potente, com 60 cv, e freios a disco nas rodas dianteiras, o que ajudava a tornar o carro mais seguro, embora fosse instável nas curvas, como todo Volkswagen da época.
 

2 comentários:

  1. Muito interessante, principalmente para os adoradores de carros.
    Parabéns

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  2. Estou reformando o meu... vai ficar muito bom!! mas será saia e blusa

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