TEXTO: GUILHERME WALTENBERG
FOTOS: SÉRGIO CASTRO
FOTOS: SÉRGIO CASTRO
Ele estava escondido em um canto de uma exposição de muscle cars, em
Daytona, EUA, no ano passado. Afinal, o De Tomaso Pantera 1972 desta
reportagem tem “músculos” americanos, mas com outra indumentária. Logo
que o empresário Alexandre Mattei notou o esportivo italiano, deixou de
lado modelos como Camaro, Charger e Mustang e decidiu comprá-lo.
Mattei passou quatro dias negociando com o antigo dono. “O Pantera é
um carro caro, mesmo nos Estados Unidos. Mas como poucos se interessam,
consegui um preço justo.”
As linhas desse De Tomaso foram criados pelo estúdio Ghia. A frente
bem baixa tem faróis escamoteáveis, típicos da época. Na traseira,
chamam a atenção as quatro saídas de escape.
O modelo chegou ao País em abril. “Gosto de usá-lo no dia a dia. Em
horários livres, é um carro delicioso de andar”, conta o empresário. Mas
no trânsito lento a situação é outra. “Ele é pesado, feito para pistas
abertas.”
E foi no Autódromo de Interlagos que avaliamos o esportivo equipado
com propulsor Ford (leia mais abaixo). Apesar de ter quase 40 anos, o
desempenho do De Tomaso faz jus ao nome do felino. O motorzão V8,
instalado na posição central-traseira, é um Ford 351 Cleveland de 5,7
litros. A potência é de 310 cv a 5.200 rpm e o torque máximo, de 52,5
mkgf.
O câmbio de cinco marchas tem acionamento pesado, mas engates
precisos. A suspensão, firme, o deixa grudado ao chão mesmo ao contornar
curvas em alta velocidade e o motor responde bem desde os baixos giros.
O interior é confortável: há vidros elétricos e ar-condicionado. Na
painel, o velocímetro vai até 200 mph (cerca de 320 km/h) e a faixa
vermelha do conta-giros começa em 5.900 rpm.
Beleza italiana com músculos americanos
A origem da De Tomaso lembra uma produtora bem mais recente de carros
exóticos, a Pagani. Ambas são fábricas italianas fundadas por
argentinos. O portenho Alejandro de Tomaso montou a companhia em 1959 na
cidade de Modena – a mesma da Ferrari.
O foco inicial eram os monopostos de competição. Inclusive para a
Fórmula 1, com participações em dois Grandes Prêmios em 1961. O próprio
industrial já havia feito duas provas na categoria como piloto em 1957 e
1958.
Em 1962 e 1963, os De Tomaso tentaram se classificar, sem sucesso,
para o GP da Itália. Nessa época, os motores eram compatriotas: Osca,
Alfa Romeo, Ferrari e até um “caseiro” De Tomaso, de oito cilindros
contrapostos. Houve ainda um carro que esteve em 11 etapas da F-1 em
1970, pela equipe de um tal Frank Williams.
Em 1964 começou a trajetória dos modelos de rua, com o Vallelunga.
Ele trazia duas características que apareceriam em outros carros da
marca: chassi de alumínio e motor central traseiro. Aliás, trata-se do
segundo carro de série no mundo a ter o propulsor nessa posição. O
pioneiro foi o Porsche 550 Spyder, de 1953.
Outro ponto que se tornaria uma tradição na marca é o motor da Ford. O
de então era o quatro-cilindros 1.5 do inglês Cortina, com 106 cv.
Apesar de o desenho ser baseado no de um conversível da Carrozeria
Fissore, a produção ficou a cargo da Ghia, que se tornaria outra
parceira regular.
Com traços retos que ressurgiriam no Pantera, o Mangusta, segundo
esportivo da marca, é de 1967. O propulsor V8 4.7 veio da matriz da
Ford, que participou do projeto. O estilo e a montagem do cupê eram da
Ghia, então recém-comprada por De Tomaso.
Mas foi seu sucessor, o Pantera, que consolidou o nome da montadora
italiana. Lançado em 1971, tinha um V8 ainda maior, o Cleveland 5.7.
Também desenhado pela Ghia, o carro ganhou cartaz nos Estados Unidos,
onde era vendido nas lojas da Lincoln e Mercury, marcas pertencentes à
Ford.
Mas em 1973, foi rompido o acordo com a gigante norte-americana, que
assumiu o controle da Ghia. Contudo, o Pantera seria produzido até 1993.
A De Tomaso promete voltar em 2012 com o crossover Deauville. (Nícolas Borges)
Fonte: estadao
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