sexta-feira, 4 de junho de 2010

Rio de Janeiro, 1971.


A foto, de 1971, foi clicada num terreno mantido pelo Detran aqui no centro da cidade, na Avenida Chile, ao lado da Catedral Metropolitana. No mesmo local, hoje, existe uma escola pública e estacionamento, se não me falha a memória.
Este mesmo lugar, assombrado pela alma de tantos automóveis hoje clássicos que ali encontraram seu réquiem, foi fotografado, dois anos depois, em 1973, pela Life Magazine, conforme dica do Andre Decourt, como já publiquei aqui anteriormente.
Como se vê, dois anos foi suficiente para o Estado do Rio de Janeiro jogar fora toneladas do melhor lixo automotivo que se pode imaginar, e limpar o terreno para – esta a ironia da coisa – dar lugar a mais um estacionamento onde se vê, mais tarde, mais automóveis clássicos, iguais ou assemelhados aos que antes ali estavam abandonados. Como é o caso do Chevrolet 55 que se vê à direita e que eu adoraria saber que fim teve.
Enfim, é uma foto e tanto. Sombria, densa, contrastada na revelação forçada, dá a impressão que aquela montanha de carros estava a sussurrar “socorro… nos tirem daqui… salvem-nos”, mas nenhum de nós chegou a tempo, e eles foram pro lixo mesmo.
Identifiquei alguns carros, quem quiser me ajudar a corrigir as mancadas e identificar os muitos outros, para completarmos o quadro, sinta-se convidado. Lamentavelmente, ali se vêem carros que hoje são disputados em qualquer coleção do mundo. Chevroelts, Pontiacs, Mercurys, Nash, Buicks e até o meu estimado Ford 1949. No lixo.
Sabe, 1971 pode ser lido hoje como o ano em que o descarte dos automóveis importados dos anos 50 alcançou se ápice, seja pelo advento da indústria nacional uma década antes, seja pelo custo de mantê-los de pé, funcionando.
Por este ângulo, podemos admirar cada antigo desta época quase com o mesmo respeito que se deve a um veterano pracinha da FEB, pois eles sobreviveram à pior das batalhas, o seu próprio Monte Castelo, que foi a trágica, rápida e fatal obsolescência dos automóveis clássicos nos anos 70 e 80 no Brasil.
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Abaixo, as duas fotos da Life do mesmo lugar, porém de ângulos diferentes, dois anos depois.
Esta é, amigo, a tal da obsolescência programada que a General Motors inventou, registrada em fotos para provar aos moradores do século XXI a que ponto chegou a cupidez de seus antepassados no século XX. E que nem se fale no preço que o meio ambiente pagou por esta farra toda, afinal, este é um problema nosso, não daqueles que o causaram. Muito menos o assunto primeiro deste blog.
Que o planeta Terra e os automóveis antigos que sobreviveram a esta época tenham melhor sorte daqui por diante. Vamos ver, quem viver verá.
E tire seu antigo da garagem. Bom final de semana pra todos.

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Fonte: http://carrosantigos.wordpress.com

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